Blog da Thais

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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Concurso de contos "Aumente um ponto"

Concurso de contos 'Aumente um ponto'

Já tem algum tempo que eu coloquei o banner no blog mas não comentei. A idéia é bem legal e se eu fosse escritora até me arriscaria. Mas isso fica para quem gosta realmente, no máximo eu escrevo minhas abobrinhas por aqui.

O concurso vai escolher um conto, sobre qualquer assunto. O vencedor ganha alguns prêmios, inclusive a publicação no blog do júri, o que pode ser a oportunidade que o escritor precisa para tornar seu nome conhecido.

ATENÇÃO: As incrições vão até 1º de março.


Mais detalhes no blog Lendo.org.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Dicionário mineirês-português

Este pequeno dicionário é dedicado aos meus amigos, não mineiros, com o intuito de melhorar a nossa comunicação:

Antisdonte: Em algumas regiões de Minas pronuncia-se ÃNSDIONTI .- o mesmo que "antes de ontem" . "Antisdonte eu vi a Lindauva. Tava uma belezura, a minina".

Arreda: v.i. 1. Verbo na forma imperativa (dânnu órdi), paricido cum "sair": Arreda prá lá, sô!

Belzont: s.p. 1. Capitar das Minas Gerais.

Beraba e Berlândia: s.p. 1. Cidades famosas do Triângulo Mineiro. Diz qui tem uma ôtra famosa que cumeça cum "B" e acaba com "raguari", lá prá ‘quelas banda! O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou não. Daí fica dizendo que é terra dos triangulinos.E óia que o povo di lá inté acha bão...

Cadiquê: (?! ) Na forma erudita: CAUSDIQUÊ - mineirin tentânu intendê o pruquê d’arguma coisa... 'Por causa de quê?',

Confórfô eu vô: p.q.p. 1. Conforme for, eu vou.

Dendapia: dentro da pia. Ex: " Muié, o galo tá dendapia".

Deu: o messs qui "di mim". Ex : " - Larga deu, sô !"

Deusdi:o messs qui "desde". Ex: " - Eu sou magrilim deusdi rapazín !"

Deusdiqui: prep. 1. Desde que: Eu sou magrilin deusdiqui eu era muleque!

: o messs qui "pena", "compaixão" : "Ai qui dó, gentch...!!!"

Dôdestombago: o mesmo que DODESTONGO. (dor de estômago) "Essa danada da minha úrsera dá uma baita dôdestombago."

Embadapia: Debaixo da pia. Ex.: Muié, ele agora tá embadapia.

Émezzz: (?) adj. 1. Minerin dimirado do que contaro pr’ele. Podi tá querêno tamém cunfirmá arguma coisa.

Espia: s.p. 1. Nome da popular revista VEJA quando chega na distante e pequena cidade do minerin.

Estaçã: s.m. 1. Onde desembarcam os minerin com suas malas cheias de queijo.

I: conj. 1. E: Minino, ispecial, eu i ela, vistido.

In: v.t.i. 1. Forma diminutiva: Piquininin, lugarzin, bolin, vistidin, sapatin etc....

Intorná: g.g. 1. Quando não cabe na vasilha. 2. Derramar.

Jizdifora: p.d.s. 1. - Cidade minera pertín do RidiJanero, lá prás banda da Vinida Brasil nº 500.000. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou carioca. Daí fica dizendo que é terra dos carioca du brejo.

Kidicarne: medida empregada na comercialização de carne - quilo de carne - quinze kidicarne = uma arroba

Kinem: k.b.lo 1. Advérbio de comparação - igual: Ela saiu bunita kinem a mãe.

Lidileite: Litro de leite.

Magrilin: p.d.v. 1. Indivíduo muito magro.

Mastumate: Massa de tomate

Minerin: (pop.) ou MINEIRIN (forma clássica) - Nativo duistádimínass. Típico habitante das Minas Gerais.

Montes Claros: p.d.s. 3. - Cidade minera pertín da Bahia, lá prás banda do Norte das Minas Gerais. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou baianin. Daí fica dizendo que é terra dos baianos cansado, sabe... Aqueles qui num deram conta de chegá em SumPaulo, daí pararo no mei do caminn.

Negocin: p.ludo 1. Qualquer coisa que o minerin acha pequeno.

Némêss: (?) - Minerin quereno qui ocê concordi c'ás idéia dêle...

Nimim: o messs qui "em mim". Exempro: "- Nóoo, cê vive garrádu nimim, trem !...Larga deu, sô !!...

NNN: p.o.p. 1. Gerúndio do minerês: Brincannno, corrennno, innno, vinnno.

Nóoo: num tem nada a ver cum laço pertado, não ! É o mess qui "nossa!!" ...Vem di: Nóoossinhora !...

Némermo: (?) z.bra. 1. Minerin procurando concordância com suas idéias. Os cariocas aproveitaram a expressão para criar o famoso "Né mermo, irmão?" com variação para o "Né mermo, brother?".

Num: NÃO ã.h. 1. Advérbios de negação usados na mesma frase: Num vô não. Num quero não. Num gosto não.

Óiaí: x.x. 1. Olha aí, ó, toma...

Óiaqui: a.b.c. 1. Minerin tentando chamar a atenção para alguma coisa.

Oncotô: (?) - .h.j. Expressão de dúvida. Empregada constantemente quando o mineirim vai pra capitar, ou intão pra SumPaulo. (Onde que eu estou?)

Onquié: br. Int. .É quan nois num sabe pronde é qui nóis vai. (Onde que e?)

Óprocevê: (!) - j.t..Mineirin dimirado cum arguma coisa! (olha pra você ver!)

Ostrudia: n.x. variação: ASTRUDIA . É quan um mineirim num qué fazê arguma coisa hoje (outro dia). "Ostrodia nóis vai, cumpadre!"

Pão di queijo: k.h.1. - Ísscêis sabe ! Cumida fundamentar na mezz minêra e que disputa c'o tutú a nosss preferênça

Pelejânu: O mess qui tentânu: " - Tô pelejânu qü' esse diacho né di hoje!

Pincumel: pinga com mel "Si ocês tá cumeçano a constipá, toma logo uma pincumel que é prá mode sarar"

Pópôpó: (?) - h.xá 1. A mineirinha ajudando ao marido fazer café.

Pópôpoquin: o.d.d. 1. Resposta afirmativa do marido.

Prestenção: é quan’um mineirin tá falano mais cê num tá ouvino.

Procê: o mess qui "pra ocê".

Proncovô: (?) - É quan nóis inda num discubriu pronde é qui nóis vai e tá quainahora. (para onde que eu vou?)

Quainahora: t.p. Expressão que indica que o mineirm está ficando atrasado: Si nois num apertá a marcha nóis vai chegá dispois do casório.(quase na hora)

Qui Belezura: p.d.t. 1. Expressão que exprime aprovação; quando gostou de alguma coisa.

Quiném: advérbio de comparação. Ex: "É bunita qui dói. Quiném a mãe !"

Sapassado: m.p.b 2 - Sábado Passado.

Secetembro: Dia em que se comemora a independência do Brasil.

: fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamém ? : Cuidadaí, sô !!...

Tirisdaí: É quan um trem tá travessado bem in frente di nóis: Ex Tirisdaí minino! Tá travancando o caminho. (tira isso dai)

Tradaporta: atrás da porta – Receita mineira: "Si a visita si isqueceu de tomá rumo de casa, cês põem a vassora tradaporta qui num instantim ela vaimbora".

Trem: s.b.p. 1. Palavra que não tem nada a ver com transporte, e que quer dizer qualquer coisa que o minerin quiser: Já lavô us trem? Eu comi uns trem. Vamo lá tomar uns trem? Qui trem é esse atrás d’ocê?

Triango minero: m.p.b. 1. Triângulo Mineiro.

Trósso: s.b.p. 1 É quiném trem

Tutu: t.u.m. 1. - Mistura de farínn di mandioca cum feijão massadím e uns temperin lá da horta. Bão dimais da conta !...

Tii: v.i.g.i. 1. O irmão do pai ou da mãe: Mulher do tii é a txiiiiaa.

Uai: u.a.i. 1. - Corresponde a "UÉ", dos paulistas. Melhor Definição: "Uai é uai,...uai !"

Varge: e.l.a. 1. - Aquele legume verde rico em fibras. Serve tamém pra dizê daquelis lugar nos pé de morro ondi fica chei d’água no chão e que o pessoar usa pra prantá arroz: (Várzea)

Varginha: p.d.s. 2. – Né Varge piquinininha não, viu gente? É uma cidade minera pertín de Sum Paulo. O pessoar da capitár nunca sabe se a turma de lá é minerin ou paulista. Daí fica dizeno que é terra dos parlista frustrado.

Vidiperfum: . s.b.p.3. É donde se guarda aquelas água de chero. (vidro de perfume)


Agora teste seus conhecimentos traduzindo o texto abaixo:


Realidade cultural do Brasil: só vendo para crer

Primeiro dia de aula na faculdade. Nenhum trote, nenhum sinal de "boas vindas" à bixarada. Das duas vezes que eu poderia tomar trote, uma quando entrei na escola técnica e agora na faculdade, nenhuma delas existiu realmente uma ameaça, nenhuma reação dos "veteranos". Um pouco de trote é bom, faz com que os alunos se conheçam, cria-se uma amizade entre eles. Nada exagerado, claro. Já tive amigos que tomaram trotes horríveis que poderiam ter conseqüências graves. Mas faltou desta vez, até me deu vontade de experimentar.

Passada expectativa da entrada, hora de achar a sala. Nada muito difícil, meus amigos logo me indicaram o lugar certo, sem brincadeiras de mau gosto. Logo estava eu dentro da sala, observando os meus colegas, e me sentindo uma velha. Logo mais saberão por que.

Além de parecerem colegiais, aqueles garotos deixam claro a idade que têm. Eu, aos 18 anos, morava fora de casa há 3 e estava à procura do meu primeiro emprego de verdade, algo que se tornaria minha carreira. É visível que a maioria deles ainda vive sob a proteção dos pais e dependendo de mesadas, mal sabendo o que estão fazendo naquele lugar. Não os culpo, tudo é uma questão de escolha, nem a minha nem a deles estão erradas.

Início da aula, apresentação do professor e a matéria não poderia ser mais sugestiva: Tópicos Humanísticos (??). Para quem está cursando Sistemas de Informação, nada mais sugestivo. O professor pareceu ser muito legal, logo de cara deixou bem claro como as coisas funcionam para ele. Tirando a sociologia e a filosofia que serão tratadas, questões atuais não me preocupam.

Para conhecer os alunos, algumas perguntas, desde a cidade de onde vieram, até se sabem andar de bicicleta.

Tá, mas até aí, o que tem a ver o assunto com o título do post?

Eis a questão. O professor pergunta aos alunos o que é "Caucus". Opa! Essa nem eu sei... então vamos para a segunda: quem dos presentes leu pelo menos 10 livros nos últimos 2 anos (24 meses, menos de 1 livro a cada dois meses)? Somente eu? Quem escreveu mais de 5 cartas durante o mesmo tempo? Eu de novo? Quem fala ou sabe um pouco de alguma língua que não seja o português? (Tá, eu arranho no espanhol e o inglês deixo a desejar). Quem lê pelo menos um jornal semanalmente? Desisto, não levanto mais a mão. Deve ser mesmo a idade. Estou ficando velha, e sem paciência para essa garotada.

Todos esses alunos (tirando alguns, como eu que passaram com a nota do ENEM), acabaram de prestar um vestibular, se prepararam para isso, estudaram para estar ali. Como podem não saber nada sobre atualidades, ler alguns livros? O que fizeram todo este tempo? Estudando apenas física, química, biologia? Se eles, que estavam se preparando para um desafio nem sequer atingiram esses números, quem dirá aqueles que estão longe de conseguir fazer uma faculdade, de prestar um vestibular.

Eu acreditava que as coisas estavam melhorando, principalmente neste mundo universitário. Me enganei. É por isso que eu admiro pessoas como o André Gazola, do Lendo.org, blog que recomendo. Um cara muito inteligente e com boas idéias. Tenho que confessar que me espantei com a idade dele.

Ainda guardo uma esperança de que isso possa mudar. E logo. Antes que eu fique velhinha de verdade.

[UPDATE] O link para o blog Lendo.org estava errado. Já corrigido.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

As Mineiras

Eu amo quase tudo que Carlos Drummond de Andrade escreveu. Pelo menos tudo que eu li até hoje. Muitos dos meus poemas favoritos são dele. Outro dia recebi um texto através da minha prima Cintia. Não é preciso dizer que apaixonei! Mais uma obra-prima deste gênio. Eu amo Drummond como ele amava as mineiras.



As Mineiras
Carlos Drummond de Andrade

"O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.
Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo ficou de fora?
Porque, Deus, que sotaque!

Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde.
Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.

Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma.
Certa vez quase propus casamento a uma menina que me ligou por engano, só pelo sotaque.
Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas. Preferem, sabe-se lá por que, abandoná-las no meio do caminho (não dizem: pode parar, dizem: 'pó parar').

Os não-mineiros, ignorantes nas coisas de Minas, supõem, precipitada e levianamente, que os mineiros vivem - lingüisticamente falando - apenas de uais, trens e sôs.

Digo-lhes que não. Mineiro não fala que o sujeito é competente em tal ou qual atividade. Fala que ele é bom de serviço. Pouco importa que seja um juiz de direito, um jogador de futebol ou um ator de filme pornô. Se der no couro - metaforicamente falando, claro - ele é bom de serviço.

Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem.
Sempre que duas mineiras se encontram, uma delas há de perguntar pra outra: 'cê tá boa?'
Para mim, isso é pleonasmo. Perguntar para uma mineira se ela tá boa é desnecessário.

Vamos supor que você esteja tendo um caso com uma mulher casada.
Um amigo seu, se for mineiro, vai chegar e dizer:
Mexe com isso não, sô (leia-se: sai dessa, é fria, etc).
O verbo 'mexer', para os mineiros, tem os mais amplos significados. Quer dizer, por exemplo, trabalhar.
Se lhe perguntarem com que você mexe, não fique ofendido. Querem saber o seu ofício.

Os mineiros também não gostam do verbo conseguir. Aqui ninguém consegue nada. Você não dá conta.
Sôcê (se você) acha que não vai chegar a tempo, você liga e diz:
Aqui, não vou dar conta de chegar na hora, não,sô.

Esse 'aqui' é outro que só tem aqui.
É antecedente obrigatório, sob pena de punição pública, de qualquer frase.
É mais usada, no entanto, quando você quer falar e não estão lhe dando muita atenção: é uma forma de dizer, 'olá, me escutem, por favor'.
É a última instância antes de jogar um pão de queijo na cabeça do interlocutor.

Mineiras não dizem 'apaixonado por'.
Dizem, sabe-se lá por que, 'pêxonado com' . Soa engraçado aos ouvidos forasteiros. Ouve-se a toda hora: 'Ah, eu pêxonei com ele...'.
Ou: 'sou doida com ele' (ele, no caso, pode ser você, um carro, um cachorro).
Elas vivem apaixonadas 'com' alguma coisa.

Que os mineiros não acabam as palavras, todo mundo sabe. É um tal de 'bonitim', 'fechadim', e por aí vai.

Já me acostumei a ouvir: 'E aí, vão?'. Traduzo: 'E aí, vamos?'.
Não caia na besteira de esperar um 'vamos' completo de uma mineira. Não ouvirá nunca. Eu preciso avisar à língua portuguesa que gosto muito dela, mas prefiro, com todo respeito, a mineira. Nada pessoal.

Aqui certas regras não entram. São barradas pelas montanhas.

No supermercado, não faz muitas compras, ele compra
'um tanto de côsa'.
O supermercado não estará lotado, ele terá 'um tanto de gente'.
Se a fila do caixa não anda, é porque está 'agarrando' [aliás, 'garrando'] lá na frente. Entendeu? Agarrar é agarrar, ora!

Se, saindo do supermercado, a mineirinha vir um mendigo e ficar com pena,
suspirará: Ai, gente, que dó. É provável que a essa altura o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras.

Não vem caçar confusão pro meu lado.
Porque, devo dizer, mineiro não arruma briga, mineiro 'caça confusão'.
Se você quiser dizer que tal sujeito é arruaceiro, é melhor falar, para se fazer entendido, que ele 'vive caçando confusão'.

Para uma mineira falar do meu desempenho sexual, ou dizer que algo é muitíssimo bom vai dizer: 'Ô, é sem noção'.
Entendeu, leitora? É sem noção! Você não tem, leitora, idéia do 'tanto de bom' que é. Só não esqueça, por favor, o 'Ô' no começo, porque sem ele não dá para dar noção do tanto que algo é sem noção, entendeu?

Capaz... Se você propõe algo e ela diz: capaz!!!
Vocês já ouviram esse 'capaz'? É lindo. Quer dizer o quê? Sei lá, quer dizer 'ce acha que eu faço isso'? com algumas toneladas de ironia...

Se você ameaçar casar com a Gisele Bundchen, ela dirá:
'Ô dó dôcê'.
Entendeu? Não? Deixa para lá.
É parecido com o 'nem...'. Já ouviu o 'nem...'?
Completo ele fica:- Ah, nem...
O que significa? Significa, amigo leitor, que a mineira que o pronunciou não fará o que você propôs de jeito nenhum. Mas de jeito nenhum.

Você diz: 'Meu amor, cê anima de comer um tropeiro no Mineirão?'.
Resposta: 'Nem...' Ainda não entendeu? Uai, nem é nem.

Leitor, você é meio burrinho ou é impressão?
A propósito, um mineiro não pergunta: 'você não vai?'.
A pergunta, mineiramente falando, seria: 'cê não anima de ir'?
Tão simples. O resto do Brasil complica tudo.

É, ué, cês dão umas volta pra falar os trem...
Falando em'ei...'.
As mineiras falam assim, usando, curiosamente, o 'ei' no lugar do 'oi'.
Você liga, e elas atendem lindamente: 'eiiii!!!', com muitos pontos de exclamação, a depender da saudade... Tem tantos outros...

O plural, então, é um problema. Um lindo problema, mas um problema.
Sou, não nego, suspeito.
Minha inclinação é para perdoar, com louvor, os deslizes vocabulares das mineiras.

Aliás, deslizes nada.
Só porque aqui a língua é outra, não quer dizer que a oficial esteja com a razão.
Se você, em conversa, falar: Ah, fui lá comprar umas coisas...
Que' s côsa? - ela retrucará.
O plural dá um pulo. Sai das coisas e vai para o que.

Ouvi de uma menina culta um 'pelas metade', no lugar de 'pela metade'.
E se você acusar injustamente uma mineira, ela, chorosa, confidenciará:
Ele pôs a culpa 'ni mim'.

A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios em Minas...
Ontem, uma senhora docemente me consolou: 'prôcupa não, bobo!'.
E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se
espantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: 'não se preocupe', ou algo assim.

A fórmula mineira é sintética. E diz tudo.
Até o 'tchau' em Minas é personalizado.
Ninguém diz tchau pura e simplesmente.
Aqui se diz: 'tchau procê', 'tchau procês'.
É útil deixar claro o destinatário do tchau.
Então..."

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Enlatando bandas de axé

Maldita ressaca!

Qual o sentido da quarta-feira de cinzas? Pergunto porque não sou católica e nunca me lembro de perguntar isso a alguém, pois só me lembro quando ela acontece. É feriado? Por que as escolas não funcionam e os bancos só abrem à tarde? Por que eu tenho que trabalhar o dia todo?

Se o carnaval é a festa da carne, as cinzas são da brasa? Piadinha infame, eu sei. Mas vamos ao que interessa.

Não gosto de carnaval, e a maioria dos meus amigos partilham desta opinião. Mesmo assim, domingo eu e uma amiga resolvemos deixar nossos maridos cuidando de nossas filhas em casa e sair um pouco para curtir. Carnaval pra mim é na rua, com marchinha e batuque. Mas isso só na minha terra natal. O jeito foi encontrar a melhor festa da cidade. Não foi lá aquela maravilha mas deu pro gasto. Depois de tanto dançar e prestar muita atenção ao show (infelizmente não sei o nome da banda), de aprender algumas dancinhas ensaiadas, a festa acabou, debaixo de chuva e voltamos para casa.

A ressaca foi só de cansaço mesmo, estou enferrujada, há anos não saio para dançar. Para mim já estava bom, o carnaval poderia ter acabado ali, mas faltavam ainda dois dias. No dia seguinte, como não ia dormir mesmo por causa do barulho, arrumei um joguinho inútil (que mais tarde farei um post) e passei a madrugada toda. E nem que eu quisesse conseguiria deixar de ouvir o som da festa. Foi então que percebi que a sequência das músicas era exatamente igual à do dia anterior. Até o "arrastão" que criaram para a música Arerê, da Ivete Sangalo, foi igual, a adaptação de Tindolelê também. Ficou a dúvida: seria a mesma banda?

A dúvida persistiu, mas também não me interessei mais por isso. Já era terça-feira e eu tinha muito com o que me preocupar além disso. Mais uma vez o meu sagrado sono foi perturbado pelo som da festa e não dormi quase a noite toda. E não para o meu espanto, as músicas novamente foram as mesmas, na mesma sequência, com as mesmas alterações.

Dúvida esclarecida: eram bandas diferentes. Então surgiu outra dúvida: será que existe uma escola para formação de bandas de axé? Um cursinho? De onde vem tanta originalidade? Será que na Bahia isso acontece também?

Fiquei ainda mais feliz de não ter gasto meu rico dinheirinho saindo outra vez. Se eu quisesse dançar as mesmas músicas, na mesma sequência, era só fazer uma festa em casa e tocar meus DVD's, que são muito mais variados que essas bandas.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Quero um dia "Unibanco"

Por que o Unibanco pode ser 30 horas? Por que meu dia não pode ter 30 horas também? Tanta coisa pra fazer e nenhum tempo para executá-las.

Cá estou eu, escrevendo neste blog, tentando ler os meus feeds atrasados e reclamando do tempo? Oito janelas do MSN pipocando na minha tela, eu tendando responder a todos. E escrevendo? Só posso ser doida mesmo.

Entre um suporte e outro eu aproveito para resolver alguns "pepinos", e na medida do possível até consigo. O problema são os bancos. Contando, hoje tenho que passar em três diferentes (??). Pior, se não faço isso hoje, vou passar o carnaval a zero. Ninguém merece.

Ah, quer saber? Desisto! Só de pensar me dá calafrios. Vou almoçar bem tranquila e deixar isso pra lá. Dane-se o carnaval, danem-se os bancos!